Capítulo
I
O
transporte de massas.
Por conta da 30ª.
maldição desde a influenza, uma maldição contra a humanidade ou, a falta de
humanidade, Robert Alisson, 65 anos, desempregado e não aposentado e sem
recurso algum, que não fosse uma pequena reserva de sobrevivência, estivera
enfiado na casa de sua companheira por mais de um ano, tentando criar um
negócio de editora de livros por conta própria e isso quando todos os ‘médios e
pequenos negócios, estavam se desfalecendo naquele ‘modelo de economia,
controlada pelo ‘governo e as corporações e agora, em sua segunda e última
tentativa de abrir um negócio diferente do anterior, um negócio voltado às
artes manuais, tivera que sair de casa para comprar alguns objetos necessários
ao trabalho e se surpreendeu ao ver que as coisas haviam mudado demais e para
pior.
As mudanças eram tão
drásticas que as pessoas haviam mudado o seu semblante; sorrir parecia um
constrangimento. As pessoas com mais idade como ele, em sua maioria tinham os
rostos marcados pela dor e a depressão e inchados pelos remédios que se
obrigavam a tomar. Seus olhares, não raro, eram de ódio a tudo e a todos e isso
aconteceria pela própria ignorância ou nesciência da realidade do que acontecia
naqueles dias. Os mais jovens imitavam isso e acabavam se transformarem nisso,
por simples imitação. O fato de terem que usar máscaras de trapo de algodão
tampando o nariz e a boca era um incômodo para quem estivesse de óculos que
embaçavam, conturbando a visão e isso as irritava sobremaneira.
A sociedade, havia se
tornado hipócrita, insensível e criminosa. Criminosa, sim! de várias formas
diferentes de crime, mas, crime! Um desses crimes, criado pelo próprio ‘modelo
de governo, que induzira as pessoas ao emprego
público, como única salvação das classes remediadas. Exatamente nesse
sentido, remediadas [...], porém, todo remédio tem contra-indicações, mas mesmo
as ‘contra-indicações, elas possuem graus de malefícios, uns ficam marcados nos
rostos das pessoas, como citamos acima, outros, na alma ou, na mente, no
celebro que geram a depressão, a confusão mental e a fuga de si pelo constante
fingimento, um fingimento, a dar a entender que ‘faz parte do time, quando nem
time existe, ou ‘existe, provisoriamente,
na passagem de um estágio para outro, mas é preciso acreditar que exista,
fingir que existe [...] sem o que, nada mais faz sentido algum. Seria como um ‘evangélico
ou católico, que recorre à igreja vazia de Deus.
Qual não foi a sua
surpresa ao ‘entrar no ônibus e ver, sentada na cadeira do “cobrador de ônibus”
uma estudante com olhar fixo no celular? Ora, que cobrador relapso, pensara. E
tentou passar o cartão de idoso [...] e nada. E via que a ‘cobradora, não
tirava os olhos do celular, dando a entender que não era cobradora. Como o cartão
não dava sinais, se voltou à moça na cadeira do cobrador, para perguntar o que
estava acontecendo e ela de pronto disse: “não sou cobradora, tem que
apresentar o cartão ao motorista e ele libera a passagem”. Ah! estava tudo
esclarecido. Não pude perceber isso, mas, creio que só utilizaria o ônibus quem
tivesse “cartão magnético”.
O ônibus naquele horário
de 9 h da manhã, não estava lotado e muitas pessoas, as mesmas pessoas que
antes se acotovelavam e se sentavam juntas, agora, estavam equidistantes umas
das outras, evitavam umas sentarem ao lado das outras e todas, com máscaras de algodão.
Havia ‘no ar, uma certa suspeição de uns contra os outros, o silêncio era
mortal ... silêncio de um funeral de majestades, com direito a músicas
fúnebres, que neste caso era o ‘ronco do motor.
Quando o ônibus chegou ao
terminal, outra surpresa, quando Alisson, indo para o outro ônibus que o
levaria ao bairro onde compraria seus objetos [...], como sempre fôra, entrou
pela porta ‘do meio. E logo foi chamado à atenção de que teria que entrar pela
porta da frente e apresentar ‘o cartão magnético, ao motorista que liberaria
sua passagem. De fato, passaria o cartão na ‘máquina de registro, mas seria
como uma certificação de ‘integração, que valeria por uma hora. Si, em ‘uma
hora, mesmo dentro do terminal, a pessoa não usasse outro transporte, teria
descontado uma passagem no cartão magnético.
O
controle do Capital de Circulação
Era correto afirmar que
as empresas de transporte de massas, nas grandes capitais e proporcionalmente
nas cidades menores, elas tinham em suas mãos, um volume significativo de capital de circulação oriundo dos
salários. Assim como os postos de gasolina tinham o seu volume de capital de
circulação no combustível, com a diferença de que o fornecedor dos postos de gasolina eram as chamadas empresas
estatais que na verdade eram instituições
ligadas intimamente ao “Estado” e bancos, o que significa dizer que se usava de
empréstimos de tempos em tempos. E, apesar da grande circulação de dinheiro nas
empresas de combustível, esse dinheiro, digamos, mensal [...] para ter algum
parâmetro, ele era consumido [...] rapidamente. Isso podia significar duas
coisas bem distintas: investimentos e desenvolvimento e isso seria visível ao
povo, pelo preço acessível e justo do combustível o que ocorrera apenas por um
tempo no diesel, para baratear os transportes de cargas, no entanto, o que
baratearam no diesel aumentaram nos impostos
e o recurso [...] das 'empresas de
transporte de cargas, foi criarem uma espécie de manifesto alternativo e
explorar os caminhoneiros no limite do uso de drogas [...] para conseguirem
‘cumprir horários. Cidades inteiras no Nordeste existiam em função do
transporte de cargas, como a cidade de Sobral no Ceará e tantas outras. No caso
da gasolina, o preço do combustível ao consumidor, subsidiava o ‘preço do barril do petróleo no mercado internacional,
com relação à bolsa de valores. A
outra coisa bem distinta, da forma de uso desse volume de capital somado por
alguns anos em circulação nos bancos,
apareceu quando a petroleira brasileira, primeira e única, que foi surrupiada
pelo gerente maior, o presidente do país e sua “equipe de dentro do país e de
fora do país”, isso caracterizaria crime de lesa pátria, mas, satisfazia de
forma estratégica as classes “dominantes” que preferiam disfarçar essa
evidência. Na verdade ‘essa outra instituição, o “presidente da república”,
apenas existia na constituição, mas não existia na realidade política dos partidos e dos parlamentos, o país não
trabalhava para o país, mas, para cumprir acordos com instituições
internacionais bem distintas, os
ocidentais, os islâmicos e os comunistas, por isso foi tão fácil a ‘esse
governo, surrupiar no limite a ex empresa de petróleo que sobrevivera
dignamente apenas no período de fundação por um outro governo, desta feita,
nacionalista de um nacionalismo, copiado ao nazismo de Alemanha no período da
2ª. grande guerra mundial, de onde surgiria a legislação trabalhista de cunho fascista e criação do chamado “salário”,
onde seria depositado um determinado volume de capital de circulação, o que caracterizava um modelo de sociedade com uma certa liberdade de as pessoas poderem
movimentar um capital gigantesco, no
entanto, nas bases de um nazismo, fascismo e comunismo de uma 2ª. grande guerra
[...] isso estaria em permanente transformação, considerando que a guerra
[...], a ‘forma da guerra se
transformaria rumo a uma espécie de totalitarismo e controle absoluto do
capital, até então, distribuído, nas mãos das pessoas, pelo sistema de
salários.
Neste cenário mundial de
grandes movimentos econômicos resultantes do fim da guerra física – 2ª. grande
guerra – e o surgimento dos estados totalitários representados no mundo pela
farda ou, não farda, representados, por agentes (burocratas e tecnocratas a
serviço direto ou, indireto do Estado), espiões, partidos e sindicatos [...] a
tendência econômica foi controlar os diversos modos de capital de circulação. Através
de combustível, transporte, alimentos, terrenos, alugueis etc. Capital de
circulação significava dizer ‘o dinheiro nas mãos de centenas de milhões de
pessoas. No entanto, era de se supor, que o controle desse capital de circulação
levaria à concentração de recursos nas mãos dos supostos empresários [...] que,
para continuarem nesse status de poder de controle de parcelas do capital de
circulação, precisariam se aliar ao Estado.
Pois não é que, as
empresas de transporte de massas, elas ousaram se libertar dessas amarras – de
controle do capital de circulação mensal, do Estado – criando o próprio
dinheiro [...]. Desta forma fizeram aprovar no parlamento o uso de passes de ônibus. Creio que isso tenha
ocorrido na década de 70 do século XX. De fato, o passe de ônibus era uma moeda
fracionada, no valor de uma passagem. Nesse momento, os passes funcionavam
exatamente como as ações, na bolsa de valores, com a diferença de que raramente
abaixariam o valor das ações, mas, poderiam subir. Um grave problema era a
falsificação dos passes, que nas cidades pequenas poderiam ser controlados,
pelos cobradores que conheciam cada passageiro, além da rotina do transporte
diário, quando fica visível a entrada diária de dinheiro e qualquer coisa
estranha ao meio, apareceria. Entretanto, isso poderia causar problemas nas
grandes capitais, com milhões de pessoas se usando transporte de massas das
diversas empresas e a integração dos passes. O princípio de tudo seria a
honestidade, mas desde o princípio de um Estado concentrador de riquezas [...]
a honestidade seria impossível. No início do ‘plano, as pessoas tinham a liberdade de usarem parte do dinheiro
do salário para adquirir quantos passes desejasse, pois que era variável ...,
às vezes “pegava uma carona”, às vezes uma lotação de Kombi ..., também podia
usar algum tipo de veículo próprio, o que foi o caso das “lambretas”. Desta
forma, a pessoa estava livre para decidir o quanto de passes comprar. Mas isso,
não satisfazia a ‘ambição dos
empresários e governo. Eles queriam maior controle do capital de circulação e
usavam a lógica para isso. Assim sendo, criaram outra forma de relação com os
passes de ônibus e aprovaram outra lei, aparentemente
favorável ao usuário. A empresa “pagaria” a passagem do ônibus com o mesmo
dinheiro que a pessoa usava para comprar a quantidade total de passes por mês,
ou não. E tinha um detalhe importante, desta feita, o ‘empresário, daria os
passes de ônibus na integralidade, aos
funcionários que precisassem de passe
e descontaria uma taxa de 6 a 10%, na folha de pagamentos para o transporte. Mas, de qualquer forma, para aquelas pessoas que
precisassem do passe de ônibus, a
pessoa teria os passes, em mãos e poderia [...], negociar com os valores do
passe e foi o que aconteceu. As que não precisavam de passe de ônibus,
discretamente, perderam esse <<valor do transporte>> camuflado.
Isso era desonestidade, por parte das empresas e do governo.
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