quarta-feira, 3 de junho de 2020

O transporte de massas.


Capítulo I



O transporte de massas.

Por conta da 30ª. maldição desde a influenza, uma maldição contra a humanidade ou, a falta de humanidade, Robert Alisson, 65 anos, desempregado e não aposentado e sem recurso algum, que não fosse uma pequena reserva de sobrevivência, estivera enfiado na casa de sua companheira por mais de um ano, tentando criar um negócio de editora de livros por conta própria e isso quando todos os ‘médios e pequenos negócios, estavam se desfalecendo naquele ‘modelo de economia, controlada pelo ‘governo e as corporações e agora, em sua segunda e última tentativa de abrir um negócio diferente do anterior, um negócio voltado às artes manuais, tivera que sair de casa para comprar alguns objetos necessários ao trabalho e se surpreendeu ao ver que as coisas haviam mudado demais e para pior.
As mudanças eram tão drásticas que as pessoas haviam mudado o seu semblante; sorrir parecia um constrangimento. As pessoas com mais idade como ele, em sua maioria tinham os rostos marcados pela dor e a depressão e inchados pelos remédios que se obrigavam a tomar. Seus olhares, não raro, eram de ódio a tudo e a todos e isso aconteceria pela própria ignorância ou nesciência da realidade do que acontecia naqueles dias. Os mais jovens imitavam isso e acabavam se transformarem nisso, por simples imitação. O fato de terem que usar máscaras de trapo de algodão tampando o nariz e a boca era um incômodo para quem estivesse de óculos que embaçavam, conturbando a visão e isso as irritava sobremaneira.
A sociedade, havia se tornado hipócrita, insensível e criminosa. Criminosa, sim! de várias formas diferentes de crime, mas, crime! Um desses crimes, criado pelo próprio ‘modelo de governo, que induzira as pessoas ao emprego público, como única salvação das classes remediadas. Exatamente nesse sentido, remediadas [...], porém, todo remédio tem contra-indicações, mas mesmo as ‘contra-indicações, elas possuem graus de malefícios, uns ficam marcados nos rostos das pessoas, como citamos acima, outros, na alma ou, na mente, no celebro que geram a depressão, a confusão mental e a fuga de si pelo constante fingimento, um fingimento, a dar a entender que ‘faz parte do time, quando nem time existe,  ou ‘existe, provisoriamente, na passagem de um estágio para outro, mas é preciso acreditar que exista, fingir que existe [...] sem o que, nada mais faz sentido algum. Seria como um ‘evangélico ou católico, que recorre à igreja vazia de Deus.

Qual não foi a sua surpresa ao ‘entrar no ônibus e ver, sentada na cadeira do “cobrador de ônibus” uma estudante com olhar fixo no celular? Ora, que cobrador relapso, pensara. E tentou passar o cartão de idoso [...] e nada. E via que a ‘cobradora, não tirava os olhos do celular, dando a entender que não era cobradora. Como o cartão não dava sinais, se voltou à moça na cadeira do cobrador, para perguntar o que estava acontecendo e ela de pronto disse: “não sou cobradora, tem que apresentar o cartão ao motorista e ele libera a passagem”. Ah! estava tudo esclarecido. Não pude perceber isso, mas, creio que só utilizaria o ônibus quem tivesse “cartão magnético”.
O ônibus naquele horário de 9 h da manhã, não estava lotado e muitas pessoas, as mesmas pessoas que antes se acotovelavam e se sentavam juntas, agora, estavam equidistantes umas das outras, evitavam umas sentarem ao lado das outras e todas, com máscaras de algodão. Havia ‘no ar, uma certa suspeição de uns contra os outros, o silêncio era mortal ... silêncio de um funeral de majestades, com direito a músicas fúnebres, que neste caso era o ‘ronco do motor.
Quando o ônibus chegou ao terminal, outra surpresa, quando Alisson, indo para o outro ônibus que o levaria ao bairro onde compraria seus objetos [...], como sempre fôra, entrou pela porta ‘do meio. E logo foi chamado à atenção de que teria que entrar pela porta da frente e apresentar ‘o cartão magnético, ao motorista que liberaria sua passagem. De fato, passaria o cartão na ‘máquina de registro, mas seria como uma certificação de ‘integração, que valeria por uma hora. Si, em ‘uma hora, mesmo dentro do terminal, a pessoa não usasse outro transporte, teria descontado uma passagem no cartão magnético.




O controle do Capital de Circulação

Era correto afirmar que as empresas de transporte de massas, nas grandes capitais e proporcionalmente nas cidades menores, elas tinham em suas mãos, um volume significativo de capital de circulação oriundo dos salários. Assim como os postos de gasolina tinham o seu volume de capital de circulação no combustível, com a diferença de que o fornecedor dos postos de gasolina eram as chamadas empresas estatais que na verdade eram instituições ligadas intimamente ao “Estado” e bancos, o que significa dizer que se usava de empréstimos de tempos em tempos. E, apesar da grande circulação de dinheiro nas empresas de combustível, esse dinheiro, digamos, mensal [...] para ter algum parâmetro, ele era consumido [...] rapidamente. Isso podia significar duas coisas bem distintas: investimentos e desenvolvimento e isso seria visível ao povo, pelo preço acessível e justo do combustível o que ocorrera apenas por um tempo no diesel, para baratear os transportes de cargas, no entanto, o que baratearam no diesel aumentaram nos impostos e o recurso [...] das 'empresas de transporte de cargas, foi criarem uma espécie de manifesto alternativo e explorar os caminhoneiros no limite do uso de drogas [...] para conseguirem ‘cumprir horários. Cidades inteiras no Nordeste existiam em função do transporte de cargas, como a cidade de Sobral no Ceará e tantas outras. No caso da gasolina, o preço do combustível ao consumidor, subsidiava o ‘preço do barril do petróleo no mercado internacional, com relação à bolsa de valores. A outra coisa bem distinta, da forma de uso desse volume de capital somado por alguns anos em circulação nos bancos, apareceu quando a petroleira brasileira, primeira e única, que foi surrupiada pelo gerente maior, o presidente do país e sua “equipe de dentro do país e de fora do país”, isso caracterizaria crime de lesa pátria, mas, satisfazia de forma estratégica as classes “dominantes” que preferiam disfarçar essa evidência. Na verdade ‘essa outra instituição, o “presidente da república”, apenas existia na constituição, mas não existia na realidade política dos partidos e dos parlamentos, o país não trabalhava para o país, mas, para cumprir acordos com instituições internacionais bem distintas, os ocidentais, os islâmicos e os comunistas, por isso foi tão fácil a ‘esse governo, surrupiar no limite a ex empresa de petróleo que sobrevivera dignamente apenas no período de fundação por um outro governo, desta feita, nacionalista de um nacionalismo, copiado ao nazismo de Alemanha no período da 2ª. grande guerra mundial, de onde surgiria a legislação trabalhista de cunho fascista e criação do chamado “salário”, onde seria depositado um determinado volume de capital de circulação, o que caracterizava um modelo de sociedade com uma certa liberdade de as pessoas poderem movimentar um capital gigantesco, no entanto, nas bases de um nazismo, fascismo e comunismo de uma 2ª. grande guerra [...] isso estaria em permanente transformação, considerando que a guerra [...], a ‘forma da guerra se transformaria rumo a uma espécie de totalitarismo e controle absoluto do capital, até então, distribuído, nas mãos das pessoas, pelo sistema de salários.
Neste cenário mundial de grandes movimentos econômicos resultantes do fim da guerra física – 2ª. grande guerra – e o surgimento dos estados totalitários representados no mundo pela farda ou, não farda, representados, por agentes (burocratas e tecnocratas a serviço direto ou, indireto do Estado), espiões, partidos e sindicatos [...] a tendência econômica foi controlar os diversos modos de capital de circulação.  Através de combustível, transporte, alimentos, terrenos, alugueis etc. Capital de circulação significava dizer ‘o dinheiro nas mãos de centenas de milhões de pessoas. No entanto, era de se supor, que o controle desse capital de circulação levaria à concentração de recursos nas mãos dos supostos empresários [...] que, para continuarem nesse status de poder de controle de parcelas do capital de circulação, precisariam se aliar ao Estado.
Pois não é que, as empresas de transporte de massas, elas ousaram se libertar dessas amarras – de controle do capital de circulação mensal, do Estado – criando o próprio dinheiro [...]. Desta forma fizeram aprovar no parlamento o uso de passes de ônibus. Creio que isso tenha ocorrido na década de 70 do século XX. De fato, o passe de ônibus era uma moeda fracionada, no valor de uma passagem. Nesse momento, os passes funcionavam exatamente como as ações, na bolsa de valores, com a diferença de que raramente abaixariam o valor das ações, mas, poderiam subir. Um grave problema era a falsificação dos passes, que nas cidades pequenas poderiam ser controlados, pelos cobradores que conheciam cada passageiro, além da rotina do transporte diário, quando fica visível a entrada diária de dinheiro e qualquer coisa estranha ao meio, apareceria. Entretanto, isso poderia causar problemas nas grandes capitais, com milhões de pessoas se usando transporte de massas das diversas empresas e a integração dos passes. O princípio de tudo seria a honestidade, mas desde o princípio de um Estado concentrador de riquezas [...] a honestidade seria impossível. No início do ‘plano, as pessoas tinham a liberdade de usarem parte do dinheiro do salário para adquirir quantos passes desejasse, pois que era variável ..., às vezes “pegava uma carona”, às vezes uma lotação de Kombi ..., também podia usar algum tipo de veículo próprio, o que foi o caso das “lambretas”. Desta forma, a pessoa estava livre para decidir o quanto de passes comprar. Mas isso, não satisfazia a ‘ambição dos empresários e governo. Eles queriam maior controle do capital de circulação e usavam a lógica para isso. Assim sendo, criaram outra forma de relação com os passes de ônibus e aprovaram outra lei, aparentemente favorável ao usuário. A empresa “pagaria” a passagem do ônibus com o mesmo dinheiro que a pessoa usava para comprar a quantidade total de passes por mês, ou não. E tinha um detalhe importante, desta feita, o ‘empresário, daria os passes de ônibus na integralidade, aos funcionários que precisassem de passe e descontaria uma taxa de 6 a 10%, na folha de pagamentos para o transporte. Mas, de qualquer forma, para aquelas pessoas que precisassem do passe de ônibus, a pessoa teria os passes, em mãos e poderia [...], negociar com os valores do passe e foi o que aconteceu. As que não precisavam de passe de ônibus, discretamente, perderam esse <<valor do transporte>> camuflado. Isso era desonestidade, por parte das empresas e do governo.

  

  



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